"A minha cama torna-se imensa quando não estás. Às vezes, acordo de noite e procuro-te na almofada ao meu lado. Nada. Abraço-me ao teu cheiro e aos cabelos que me deixas na cama. Tenho pena que eles não me aqueçam. Adoro que amenizem o vazio que dorme a meu lado. Sinto a tua falta no silêncio. Sinto a falta do barulho de cachoeira da tua respiração. Dos suspiros nocturnos entre sonhos. Na minha cabeça sonhas comigo. Na minha cabeça adormeço todos os dias ao teu lado: com o teu rosto no meu peito e os teus braços entrelaçados em mim. Não sei se sabes, mas tenho medo de me perder por aqui, sozinho, na escuridão. É só mais uma noite em que vou acordar: uma, duas, três vezes. Tu não vais estar. Vão estar os teus cabelos, mas tu não. Vai estar o teu cheiro, mas tu não. A saudade aqui ao meu lado, mas tu não. Volta depressa, no meio do silêncio. Abraça-me com força até acordar. Tenho saudades tuas."
Pedro Rodrigues, "Não sei se sabes, mas.." em Os filhos do Mondego
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